MÄGO DE OZ - Gaia III: Atlantia
Warner Music Dro, 2010
Pontuação: 7,5 / 10
Por Xenia
Confesso: há anos não ouço MÄGO DE OZ. Fiquei na Finisterra e o resto foram apenas canções individuais ouvidas na rádio, discotecas ou nos media. O que me moveu a ouvir este álbum foram os comentários de fãs que disseram que o álbum é estranho. MÄGO DE OZ estranho? Em geral, eles sempre seguiram a mesma linha composicional, com algumas evoluções, sim, mas daí a ficarem esquisitos…. Como 'Atlantia' é composto por dois CDs, vamos começar com o primeiro ...
A última parte desta trilogia começa com uma música instrumental acompanhada por uma série de cortes radiofônicos explicando acontecimentos que marcaram um antes e um depois da história, como o incidente das Torres Gêmeas, a morte de Franco ou, o mais chocante, o fato de que, se os humanos fossem extintos, não haveria repercussão ecológica. Mas vamos colocar-nos na situação, o conceito deste álbum é a continuação da história de alma Echegaray, personificação de Gaia ou Mãe Natureza, continuando as suas viagens pelo tempo e pelo mundo ensinando-nos a ver o que a vida nos oferece, neste caso com pare nos Andes, especificamente no Império Inca. Nem é preciso apresentar o grupo, eles têm uma trajetória mais do que conhecida com um som tão característico que com os primeiros riffs de suas músicas você sabe perfeitamente que são. Outra de suas características são os refrões, que, junto com os já citados, podem ser encontrados em “Dies Irae”, a segunda música do álbum. Pessoalmente, acho que essa música começa muito forte, mas acaba sendo repetitiva e longa em mais de nove minutos. “Für Immer”, com refrão em alemão como quando Queen DORO decidiu colaborar com eles anos atrás em espanhol, será um dos sucessos do álbum e ao vivo, porque tem de tudo: uma música cativante com um refrão ainda mais cativante se possível. "Vodka 'N' Roll" será mais um dos seus sucessos para a diversão musical e lírica, e é isso que Jack Sparrow de Madrid se propôs para serem os melhores piratas bêbados e organizar as maiores festas, e mais se estiver junto com Kutxi do MAREA, que colabora nesta edição! "The Prince of Sweet Sorrow (Parte IV)" nos lembra às vezes, e graças aos elementos eletrônicos, RAMMSTEIN. A colaboração vocal de Carlos Escobedo (SÔBER, SAVIA), misturada com a tessitura de José Andrea, engrandece esta bela canção que será seguramente mais um dos hinos mais cantados ao vivo e bem aceites pelo seu público, apesar desta fusão eletrónica nunca antes vista ouvido neles. Para os mais durões e fãs de rock temos “Mi Hogar Eres Tú”, com muitas influências do Hard Rock, ideal para a colaboração do guitarrista Jorge Salán (agora ex-integrante do grupo). “Fuerza y Honor: El Dorado” nos mostra a parte mais folclórica do grupo com essa temática instrumental e muitos elementos eletrônicos, deixando uma importância maior para o violino e a flauta. Mas a música mais rara deste primeiro disco, e também a mais elaborada, é “El Violín Del Diablo”, onde Patricia assume a liderança nas vozes, deixando de lado o seu timbre lírico para nos oferecer um muito mais rocker e quebrado. E para finalizar a primeira parte do álbum temos “Siempre (Adiós Dulcinea Parte II)”, uma daquelas baladas em que a letra penetra profundamente em você, a que MÄGO já está acostumado.
A segunda parte começa com um som de esperança sob o nome de “Mis Demonios (Dare A Vivir)”, que será mais um dos hinos deste álbum devido à sua estrutura musical. O single “Let The Wind Blow Your Favor” é um dos mais comerciais de toda a sua obra, com o tema mais pirata e festeiro ao nível dos piratas americanos SWASHBUCKLE. A homenagem às suas raízes espanholas está em “Sueños Dormidos”, influenciado por grupos como TRIANA, uma canção inovadora se a compararmos com o disco habitual do grupo. E o álbum continua a nos oferecer raridades como "Still Amanece Gratis" deixando as guitarras, flauta e violino brilharem ao ritmo do Jazz. Depois de tanta inovação vem o toque de humor com “La Soga del Muerto (Ayahuasca)” que, por mais bizarra que seja, certamente será um sucesso.
Chegamos ao final do álbum, mas não sem antes nos oferecer uma boa dose de Heavy Metal como só eles conhecem em “La Ira de Gaia”, onde José nos mostra um novo tom de voz que não é tão afiado, ideal para a música. O ponto final é “Atlantia”, uma música de vinte minutos que começa de forma orquestral, referindo-se ao início desta obra. Como na época em "La Cantata del Diablo", pertencente a 'Gaia II: La Voz Dormida', tiveram a oportunidade de contar com as colaborações de Francis Sarabia, Natalia Marín, Tony Menguiano, Tete Novoa, Silverio "Silver" Solórzano, Javier Díez e Leo Jiménez “la Bestia”, cada um na sua especialidade. É aqui que se verifica a mudança mais radical do grupo, fazendo mudanças musicais por toda a parte, tudo bem coordenado com um resultado final surpreendente não adequado para ser bem percebido à primeira audição, com o acréscimo de temas políticos e eclesiásticos, sempre muito presentes na o grupo, o que torna a música ainda mais imponente.
Sim, 'Atlantia' é um álbum raro se tivermos em conta toda a história musical do povo madrilenho. Por um lado, aprecia-se que tenham mudado aquele som repetitivo que vinham utilizando há anos, que embora seja verdade que esta técnica sempre funcionou para eles, tornando-se um dos grupos de Rock mais famosos do nosso país, tornou-se torná-lo bastante repetitivo. Por outro lado, e ainda mais conhecendo a quantidade de público que acompanha o grupo que é estranho ou não gosta de ouvir sons e inovações progressivas, este álbum pode fazer com que essas pessoas se desliguem do grupo. Seja como for, 'Atlantia' é um álbum surpreendente, com tanto comercial, rock e doses inovadoras, posso muito bem ser bem aceito pelos fãs ou, como aconteceu com 'Nostradamus' do JUDAS PRIEST, ser julgado injustamente.
Treinamento:
José Martínez Arroyo - Vozes
Patricia Tapia - vozes, coros
Juan Carlos Marín López “Carlitos” - Guitarra
Francisco Javier Gómez de la Serna “Frank” - Guitarra
Sergio Cisneros Anguita “Kiskilla” - Teclados
Carlos Prieto Guijarro “Mohamed” - Violino
Fernando Ponce de León - Flauta
Pedro Díaz "Peri" - Baixo
Jesús María Hernández Gil “Txus di Fellatio” - Bateria
Xènia Senserrich
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